terça-feira, janeiro 06, 2009

Qual o sentido da vida?

Sabe quando está indo tudo super bem na sua vida? Você tem um trabalho maravilhoso, um companheiro bárbaro, saúde, bolo de chocolate na geladeira e mesmo assim você não se sente feliz? Pois é, eu chamo isso de "Síndrome de Falta de Enxada".
Pelo menos é o que o avô de um amigo costumava dizer quando a gente começava a cavar problema onde não tinha. Ele dizia para carpirmos na terra seca durante algumas horas que isso passava. E ele tinha razão mesmo.
Quando tenho ataques desse tipo (e, acredite, vivo tendo ataques desse tipo, do nada, por motivo nenhum), minha mãe Clarice deixa gravada na minha secretária eletrônica uma frase bem simples: "Não estrague o que você tem, querendo o que você não tem". Pois é, sabedoria de mãe também funciona nesses momentos.
Por que temos que implicar sempre com a felicidade? Por que adoramos flertar com a infelicidade, a reclamação? Por que não vivemos sem transformar minhocas em Anacondas?
Às vezes, acho que a resposta é simples e mais uma vez está relacionada com essa facilidade que temos de não prestar atenção ao presente. Quando não prestamos atenção ao presente, não absorvemos, não curtimos, não sentimos as coisas boas que estão pertinho de nós.
Às vezes, acho que a resposta é mais profunda e está ligada a um eterno questionamento sobre qual o sentido da vida. Será que amor, trabalho, uma dúzia de amigos fantásticos e 5 ou 6 pares de sapatos são o suficiente para que nossa vida tenha um sentido?
Fico dias pensando nessa resposta, me aborreço, aborreço minha família, perturbo meu namorado e, de repente, abro uma revista e está lá, na minha frente, uma frase da Amma (uma guru da Índia que recebe milhares de pessoas do mundo inteiro que vão visitá-la apenas para receber um abraço) que diz: "Devemos ser como velas, emprestando nossa luz para a humanidade".
Aí, relaxo, e me entrego à maravilha do sagrado, do misterioso, do profundo, da compaixão que está além do tesão, das coisas que queremos comprar, dos quilos a mais, das ruguinhas novas, dos amigos que nos traíram, dos homens que nos magoaram, dos prêmios que deixamos de ganhar, do buraco no banco, da tatuagem que borrou...

Gisela Rao, jornalista.
Adoro o jeito que essa mulher escreve...

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